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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Debaixo de nossas capas: pessoas comuns ou heróis

Por que os super heróis precisam de roupas especiais? Muitos deles possuí super poderes que estão ativos independente da roupa que usam. Para preservar a identidade? A roupa do Super Homem cobre apenas seu corpo mas, não o rosto. Um óculos é capaz de nos impedir de identificar uma pessoa? Como se a pessoa fosse seus acessórios e suas roupas.

A função da roupa do super herói seria atribuir-lhe identidade? Com suas roupas, destacam-se das pessoas comuns e são reconhecidos em qualquer lugar mesmo que estiverem flutuando nos ares. Porque é uma tendencia natural humana pré julgar o outro por sua aparência. Se o Super homem fosse visto voando com roupas comuns causaria uma reação diferente de quando é visto com sua roupa colada ao corpo e sua capa.

A roupa não serve apenas para cobrir o corpo e manter o acesso à algumas partes  restritas. Também serve para podermos identificar um indivíduo  assim como também é possível compreender sua personalidade através do estilo de roupa que usa.

Então, os super heróis possuem seu 'uniforme de trabalho' que distingui o ser humano comum de um ser com poderes excepcionais pois, uma pessoa com super poderes vestida como todo mundo causa - inconscientemente - suspeitas. Mas, quando ele surge com seu 'uniforme' tão fora dos padrões da moda, interessam-se em saber 'quem é ele?' por desejarem saber mais e não por desconfiar do que se trata.

Eis então a importância do uso de um uniforme; A roupa usada por todos para cobrir o corpo usada como símbolo de identidade que distingui personalidade, pessoas comuns e heróis assim como em alguns caso, símbolo de igualdade. Quando uma escola, por exemplo, pede o uso do uniforme, espera que o efeito psicológico seja de que alunos olhem uns para os outros como iguais assim como professores e funcionários devem olhar.

Diante desta linha de reflexão, chegamos a um ponto interessante. O jaleco do médico, o avental do professor, o uniforme branco do enfermeiro, a farda do policial ou bombeiro tem como finalidade posicionar diante de todos um profissional e não uma pessoa comum. Quando com seu 'uniforme, a pessoa comum é colocada de lado para assumir o profissional que lida com pessoas comuns. 

Uma tática psicológica que nos faz compreender que diante de nós não há uma pessoa qualquer: há um profissional apto que podemos confiar à ponto de ter acesso a nossa vida! Você permitiria que qualquer pessoa conduzisse uma cirurgia em seu corpo colocando em risco sua vida? Mas, o jaleco branco diz ao seu inconsciente que quem o veste pode operar você.

Mas, a capacidade que roupas possuíam de atribuir a pessoas comuns 'super poderes' extinguiu-se em algum momento da Era Virtual onde toda e qualquer pessoa descobriu um recurso capaz de alimentar a própria vaidade e o Ego expondo-se publicamente em troca de algumas 'curtidas' ou, 'aprovações'.

Quando o profissional passou a usar sua profissão como recurso para destacar-se dos demais mas, apresentando-se como pessoa comum, o sentido dos uniformes desapareceu. (Sou uma pessoa comum mas, melhor que você pois sou um profissional 'x'). Compreende-se à partir do momento em que o indivíduo é incapaz de trazer de seu interior algo mais - e naturalmente único - que o diferencie das outras pessoas: diante de tal incapacidade, utiliza-se recursos externos para destacar-se. Lembrando que a necessidade de destacar-se provém da necessidade de ser 'enxergado', percebido e aceito.

Um exemplo é quando vejo alguma psicóloga com perfil na rede, utilizando fotos de perfil apelativas que chamam atenção não somente para sua aparência mas, para um tipo de apelação que sugere aptidão sexual ou capacidade acima da média de sedução. Ou o conteúdo de suas postagens que revelam uma pessoa que perde o equilíbrio e as 'estribeiras' ou uma pessoa com certo nível de desequilíbrio emocional como qualquer reles mortal mas, quando quer se mostrar superior anuncia: sou psicóloga. Ou um professor que age como qualquer pessoa ignorante. O conhecimento que estes profissionais adquiriram se anula. É como um garoto de periferia que se cobre de ouro, usa carro importado e recheia a carteira de dinheiro mas, nada disso será capaz de mudar o que seu comportamento revela de si.

Todo Conhecimento que se adquiri que não serve para quem o adquiriu deixa de ser conhecimento pois, Conhecimento vem com a experimentação e a prática. Um psicólogo que usa seu suporto conhecimento para seus pacientes mas, não pode aplicar o que aprendeu na própria vida é conhecedor do que? Assim é para todo aquele que afirma ter conhecimento e se julga superior aos demais pelo suposto conhecimento que possuí. 

À partir daí, os uniformes que distinguem a pessoa comum do profissional também perde o sentido. E muitos de nós não somos mais capazes de confiar em quem os veste pois, suas ações não revelam super poderes mas, atitudes comuns.

É óbvio que por debaixo do uniforme existe um ser humano como qualquer outro mas, à partir do momento em que se escolhe assumir tal responsabilidade em função do outro, é um preço que se precisa pagar pois, tal postura corresponde a credibilidade profissional.

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Debaixo de Nossas Capas: pessoas comuns ou heróis de Shimada Coelho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

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